ArTesanato
Define-se o próprio trabalho manual, geralmente utilizando-se matéria-prima natural. Hoje, entretanto, os produtos artesanais se fazem com inúmeras matérias, inclusive as recicláveis e industriais. Ressalta-se que a primeira atividade do homem, desde os imemoriais tempos da caverna, era fabril. Fabricava-se o objeto e, depois, colocava-se o nome que melhor se adequava para caracterizá-lo. Geralmente, eram objetos funcionais. Depois, passaram a ser registros da memória e decorativos.
Importa o trabalho das MÃOS!
Mãos obreiras, calejadas, eivadas de alegria e tristeza.
MÃOS MÃOS MÃES MÃOS MÃOS

A partir da escolha de cada indivíduo, o labor das mãos conta a história de uma vida. Como se sente, senta, come, dorme, vive relações, elabora emoções e sentimentos, sonha e deseja.
Escolhas:
1) linhas: espessura e cor;
2) desenho: abstrato ou figurativo, irregular ou geométrico;
3) fundo: liso, chapado, nuançado;
4) formas: curvas, retas, contínuas ou descontínuas.

Textura
ato ou efeito de tecer
tecido é pele elástica

Outras texturas de uma vida

Tecer é comer ao inverso

Na Odisseia,
enquanto aguardava o regresso do esposo, Penélope tecia durante o dia. Nunca perdera a esperança, e por isso urdia o tempo da espera tramando. A morte de Ulisses era incerta, então para afastar seus pretendentes, destecia à noite o que fizera no dia.
Penélope tramava, tecendo e destecendo o enredo da vida.

tecer é...

... caminhar, dar sentido, prover, colocar amor na boca dos filhos
“Todo artista tem de ir aonde o povo está.”
“Nos bailes da vida”, canção de Milton Nascimento”
“Com a roupa encharcada e a alma
Repleta de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está
Se for assim, assim será
Cantando me disfarço e não me canso
de (tecer)* viver nem de cantar”
* Intervenção à letra da canção
Narrativa da artesã
A tecelagem era tradição de família. D. Maria da Conceição Silva, conhecida como Conceição da Pastoral, veio de Cipotânea para Alto Rio Doce. Sua mãe tecia antes de se casar. Após o casamento, seu pai, temendo que a mulher se distraísse e não desse conta de cuidar dos filhos e da casa, vendeu o tear da esposa para um compadre.
Anos depois, quando as meninas estavam crescidas, e dentre elas a nossa tecelã Conceição, a mulher confrontou o marido, indagando: “Agora crescidas as meninas, sem o tear, o que vou ensinar a elas?”. O marido, sem argumento, cedeu. Foi à casa do compadre e buscou o tear.
Assim a tradição se restaurou. E os filhos de D. Conceição da Pastoral receberam o ensinamento da avó, transmitiu-se o ofício.
Na casa dela, todos teciam, inclusive o marido. O velho tear ainda resta na casa, aguardando o futuro, como Penélope.
Fonte: transcrição livre da história narrada pela tecelã.