Ir para o conteúdo

Casos ARD02 - burrinha-ard

Pular menu
A Fazenda do Contrato: Meu Cantinho do Céu


Baratas entram e saem do buraco da parede, procurando com certeza, seus anéis de pedra verde.
Ah! Assombrações desciam do teto durante a noite. Eram luzes, alma dos escravos que foram torturados e mortos pelos capangas do Senhor de Engenho. Pobres vaga-lumes! Viraram assombrações, junto de uma mente medrosa e pouco esclarecida, embora inteligente.
O cenário? Uma fazenda antiga, esburacada, que pertencera a Senhores de Engenho e servira de cartório, no passado. Feita de pau a pique, barreada; tinha 10 cômodos amplos; uma varanda com um quarto de cada lado, duas salas grandes, ambas com um quarto de cada lado e uma cozinha enorme.
O porão era grande; ali havia muitos cacos de porcelana, com os quais brincávamos.
Eram lindos e não sei se ainda há vestígios deles, pois a fazenda centenária foi demolida e no lugar construiu-se um estábulo.
Deveria ter sido tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal, mas ninguém o fez.
Ali passei minha infância feliz, pura, inocente, brincando de roda, andando de cavalo de pau feito de pé de milho seco, enterrei beija-flor na bananeira e muito mais. Vivi ali minha adolescência meio conflitada, minha juventude simples, mas repleta de sonhos.
Dali saí para estudar em Sete Lagoas e depois para casar-me as 26 anos.
Ah! “Eu era criança, queria crescer, crescer. Hoje sou grande, já me arrependo, ser criança é muito melhor”.
Fazenda do Contrato, cantinho do céu. Que pena que o tempo passou! Foi uma pena!


Efigênia Justino Santana Pereira



(Transcrição livre do texto original da Senhora Efigênia Justino Santana Pereira sobre a fazenda do contrato onde ela morou.  Veja imagens do original.)

Voltar para o conteúdo